Avaliação dos investimentos também deve levar em conta os custos em caso de insucesso
Num contexto de queda da taxa SELIC e metas atuariais desafiadoras, gestores de investimento de fundos de pensão encaram um grande desafio: a escolha dos ativos para compor suas carteiras. Esta tarefa torna-se ainda mais complexa devido à necessidade de assumir riscos para cumprir objetivos de rentabilidade. Apesar das oportunidades com taxas de retorno atrativas, a incerteza nos mercados é um fator crucial a ser considerado.
Neste cenário, surge uma “história não contada” sobre os custos do insucesso nos investimentos e os esforços para recuperar ativos em default. Um exemplo emblemático é o caso do Postalis, que passou por dificuldades decorrentes de investimentos malsucedidos no passado.
Nos últimos anos, o Postalis adotou uma abordagem proativa, estabelecendo uma estrutura dedicada à governança e recuperação de ativos em default. Esta estratégia envolve monitoramento rigoroso, notificação e renegociação de dívidas, além de medidas extrajudiciais e judiciais.
Com o suporte de consultores financeiros e jurídicos, o Postalis obteve êxito na recuperação de mais de R$ 122 milhões em 2023, acumulando um total superior a R$ 1 bilhão desde 2018. Esta experiência ressalta a importância da governança e das habilidades da equipe na mitigação de riscos e na gestão eficiente dos custos de recuperação de ativos.
Neste contexto, é crucial avaliar não apenas a Taxa Interna de Retorno, mas também as práticas de governança e recuperação de ativos ao viabilizar investimentos. Esta abordagem permite identificar propostas alinhadas ao perfil de risco e retorno da entidade, além de estimar os custos de recuperação em caso de insucesso.
Em suma, a gestão eficaz dos custos de recuperação de ativos é fundamental para o sucesso dos investimentos em fundos de pensão, especialmente diante de um cenário de maior exposição ao risco. Compartilhar essas experiências pode contribuir para a formulação de modalidades de investimento mais robustas, considerando não apenas a rentabilidade e o risco, mas também os aspectos regulatórios e judiciais.
Carlos Alberto Zachert é diretor de investimentos do Postalis – Instituto de Previdência Complementar.